
O presidente recém-eleito do Egito, o islamita Mohammed Morsi, mudou-se para o escritório antes ocupado pelo presidente deposto Hosni Mubarak e começou consultas nesta segunda-feira para a formação de sua equipe e de um novo governo, disse um assessor.
Em um esforço para atrair apoio e curar divisões nacionais, Morsi prometeu nomear vários vices, incluindo uma mulher e um cristão. Também há consultas para formar um governo de coalizão nacional. Ele prometeu que nomeará alguém que não seja da Irmandade Muçulmana para chefiar o governo.
Morsi enfrenta enormes desafios de melhorar a economia e manter a lei e a ordem – que se deterioraram no período pós-Mubarak.
No domingo, ele foi declarado vencedor com quase 52% dos votos da primeira eleição livre do Egito em sua história moderna, depois de uma disputa apertada com o último primeiro-ministro de Mubarak, Ahmed Shafiq.
A campanha polarizou profundamente o país, colocando uma autoridade do antigo regime e militar da reserva – temido por ser visto como uma continuação do governo autocrático de Mubarak, mas por outros como agente da estabilidade – contra o islamita.
Muitos apoiaram Morsi como um representante do levante que depôs o antigo regime e como uma forma de desafiar o Exército. Mas Morsi também foi igualmente visto com reservas por grupos jovens por trás do levante, que defenderam um Estado democrático secular, e entre muitos da minoria cristã do país. Quase metade dos eleitores não compareceu às urnas no fim de semana retrasado.
A vitória de Morsi, o primeiro presidente civil a assumir o controle do país, é uma conquista impressionante para a Irmandade Muçulmana, que permaneceu a maior parte de suas oito décadas de existência como uma organização obscura e alvo de sucessivos regimes.
Em seu discurso, Morsi prometeu que será um “presidente para todos os egípcios”, não fazendo distinções entre “muçulmanos e cristãos, homens e mulheres”, e assegurou que seu país manterá todos os acordos internacionais. “Digo a todos: serei o presidente de todos os egípcios. Ninguém será discriminado, e não se fará diferença entre as pessoas, a não ser em relação ao respeito à Constituição e à lei”, disse.
Agora, ele enfrenta uma dura luta por poder com a ainda dominante junta militar que assumiu o poder após a renúncia de Mubarak em 11 de fevereiro de 2011.
Poucos dias antes de um vencedor ser anunciado, os generais tomaram várias decisões para se conceder muitos poderes, diminuir a autoridade do presidente, incluindo a aprovação do Orçamento do Estado, e deram à polícia militar amplos poderes para deter os civis.
Os generais, que prometeram transferir o poder para um líder eleito até 1º de julho, dizem que as medidas tinham o objetivo de preencher um vácuo de poder e assegurar que ninguém monopolizasse o processo de tomada de decisões até que uma nova Constituição fosse elaborada.
Dois dias antes do segundo turno, uma alta corte egípcia dissolveu o primeiro Parlamento eleito livremente do país, dominado por islamitas, incluindo a Irmandade Muçulmana de Morsi. Isso fez com que o conselho militar também se encarregasse das tarefas do Legislativo.
Com o Parlamento dissolvido, ainda não está claro onde Morsi tomará posse. Autoridades disseram que ele poderia assumir a presidência perante a mais alta corte do país, mas seu grupo e partidários pressionam para que o Parlamento seja reinstalado, com o argumento de que a decisão judicial apenas contesta a eleição de um terço das cadeiras da câmara baixa.
O Conselho de Ministros, dirigido pelo primeiro-ministro egípcio, Kamal Ganzouri, terá nesta segunda sua última reunião antes de apresentar sua renúncia.
IG