
Destinado para a destruição
Do alto das espessas muralhas duplas de Jericó, os moradores apavorados acompanhavam o desfile de sacerdotes e soldados israelitas ao seu redor. A calmaria de sua vida campestre esvaecera com a chegada dos inimigos, e agora o espectro da morte os ameaçava.
A destruição da cidade cercada era iminente e inevitável. Não havia muralha que os preservasse de um exército de anjos, em cima Os 5.14), e o exército de Israel, em baixo. O Deus soberano havia decretado seu aniquilamento.
Mas esses cananeus pagãos não conheciam o Deus de Israel. Sem duvida, alguns até duvidavam do poder destruidor daquele bando de nômades malucos que marchava lá em baixo, tocando trombetas de chifre de carneiro. Esqueceram-se de olhar para cima. Deus a tudo assistia, com o dedo no botão que iria acionar um terremoto para desmoronar as muralhas e permitir a destruição da fortaleza.
Nós também vivemos em um mundo murado. Nunca na história os muros alcançaram as alturas que hoje se vê nas cidades, abarrotadas de arranhacéus. Basta sobrevoar essas megalópoles para ver como os homens têm se escondido atrás de muralhas de aço, concreto, madeira e vidro. Cada um tenta conseguir um lugar onde se defender dos maus elementos, tanto os da natureza como os da sociedade, que constituem uma ameaça à existência. Pode ser um apartamento no vigésimo andar, um sobrado oculto atrás de muros altos, ou uma casinha no meio de uma ilha deserta. O importante é que o cidadão se sinta seguro.
A insegurança humana originou-se no lugar de maior segurança do planeta. O próprio Deus havia criado um hábitat idílico, totalmente isento de perigos, onde o homem Adão e sua posteridade poderiam conviver em perfeita harmonia com o Criador e com todas as demais criaturas. Não havia nenhuma necessidade de defesa própria, pois Deus era a fortaleza deles. Contudo Adão optou por sair do esconderijo divino e ser seu próprio deus. Como conseqüência disso, precisou arrumar as malas às pressas e buscar tinia moradia fora do paraíso, numa terra maldita, cheia de cardos e abrolhos.
Não demorou muito e a nova comunidade foi assolada por uma tempestade de ira, ódio, morte e desgraça. Caim virou assassino e foi amaldiçoado por Deus. Envergonhado diante da família, fugiu para o Oriente, onde tentou construir a primeira cidade do mundo. Buscava paz e descanso, mas não os encontrou, pois o descanso verdadeiro só existe no relacionamento com Deus, e não em construções, por mais bonitas e seguras que estas sejam.
Ele foi o primeiro de todos os fugitivos. De lá para cá, homens de todas as raças, foragidos da presença e da proteção de Deus, têm erguido suas defesas para obter um mínimo de segurança num mundo onde ainda impera o espírito de Caim.
Alguns dias atrás, assisti a um filme da National Geographic sobre o poder destrutivo da natureza. Eram cenas de horror. Terremotos derrubavam metrópoles como São Francisco, a Cidade do México, Los Angeles e Tangshan, na China. Centenas de milhares de pessoas eram esmagadas como insetos por prédios, pontes e casas que vieram abaixo. Fogo devorava o que sobrou. Famílias ficaram desabrigadas. Casas e lojas foram saqueadas. No final do documentário, um geólogo afirmou: “Nas próximas décadas, haverá terremotos piores e a destruição será ainda mais devastadora”.
A idéia de “vida segura” sem Deus não passa de fantasia. Aquele geólogo acertou. As coisas vão piorar, e muito, pois Deus vai sacudir o planeta inteiro num futuro próximo. A previsão se encontra em Apocalipse 16.17-21: 4’… E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a terra… caíram as cidades das nações… Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados…” O profeta Isaías descreve a tragédia: “— as represas do alto se abrem, e tremem os fundamentos da terra. A terra será de todo quebrantada, ela totalmente se romperá, a terra violentamente se moverá. A terra cambaleará como um bêbado e balanceará como rede de dormir…” (Is 24.18-20)
Qual é a razão de toda essa devastação? É o capricho de um Deus irado e vingativo, como muitos vão achar? Não é. Arthur Bloomfield, em seu livro: As Profecias do Apocalipse, explica: “O último terremoto será causado por uma súbita mudança na órbita e na posição do globo terrestre… A terra tem uma inclinação sobre seu eixo de 23,5 graus. Isso é o que causa o frio extremo rios pólos e a maior parte das tempestades e ciclones. Mas essa posição será alterada… Esse terremoto tornará a Terra mais plana, corno era originalmente”.
Mas Deus não está querendo apenas corrigir a posição do planeta. Ele quer é corrigir o coração das pessoas que habitam o planeta. Se a nossa segurança está em casas, carros e coisas, e não em Deus somente, corremos o mesmo perigo dos jericoenses, pois tudo vai ser destruído! É hora de acordar e erguer a cabeça, porque está próxima a nossa redenção.
A maioria dos evangélicos vive como se a situação atual fosse continuar para sempre. Estamos cumprindo a palavra que Jesus proferiu a respeito dos dias finais: “O povo estava comendo, bebendo, casando-se e sendo dado em casamento…” Parece que nossa maior preocupação é nos sentir felizes e seguros, protegidos por nossas “muralhas” dos espectros de desemprego, pobreza, epidemias, violência e morte que rosnam do lado de fora.
Nossa esperança precisa estar “no Senhor”, e não cm nossas “fortalezas humanas”. Eu e a minha família moramos vinte anos cm casa de tábuas, no interior do Paraná. Hoje moramos nunca boa casa de alvenaria. Lá vivíamos com pouco; agora tensos mais. Devemos, então, nos sentir mais seguros hoje? Ou podemos afirmar como o salmista: “O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio” (Si 91.1,2)?
A humanidade está cada vez mais desesperada; os governantes, atemorizados. Cientistas e teólogos se unem para proclamar o fim do mundo. Eu creio que os cristãos do Ocidente não escaparão das ondas de perseguição e morte que têm assolado a Igreja na China, na África e em outros países. A mulher de Apocalipse 17.6 (o sistema religioso da besta) ficará totalmente embriagada com o sangue dos santos, que serão os mártires do século XXI.
Essa possibilidade lhe provoca medo? Saia então de sua toca de confiança em castelos de areia, construídos por mãos humanas, e volte ao Caminho que o levará ao descanso, no paraíso da comunhão com Deus. Ali, poderá cantar com os filhos de Corá: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares” (5146.1,2).
O Pr. Allan H. McLeud é professor e capelão do Seminário e Instituto Bíblico Betânia, em Altônia, PR